Quatro miúdas, no 11º ou 12º, numa tarde de sol debaixo da minha varanda ( vivo em frente a um liceu), sentadas no mesmo muro em que eu me costumava sentar. Há 30 anos. Falaram e riram durante uma hora. Ao vivo, sem sms nem telemóveis. Falaram umas com as outras. E de que falaram elas? De rapazes. O cerne da discussão foi um moço, ex-namorado de uma delas e candidato a namorado de outra. Que não é comunicativo, que é frio, que "só se abre quando se embebeda" ( o que percebi ocorrer regularmente, mas inexplicavelmente, parece que não conta). As miúdas discutiram alegremente a forma de trazer o rapaz para a luz, tanto quanto prepararam ( três delas) a possível ( a quarta) futura namorada do rapaz para a vida. Pelo meio, atiraram farpas a uma amiga ausente que será algo relapsa nos níveis de exigência para com o sexo oposto. Nunca ouvi semelhante conferência de Casablanca com rapazes. Juntam-se com os garruços enfiados, murmuram umas coisas inaudíveis, sempre agarrados ao telemóvel, e despedem-se com grunhidos. Nada mudou.
Raparigas sem sms, durante uma hora seguida? Deve haver aí um micro-clima debaixo da tua varanda…. ;) E eu sei que os rapazes agora estão assim. Mas no meu tempo (que é o teu), a malta falava muito. Só o tema era completamente diferente: as raparigas falavam da sua vida e da vida das outras e os rapazes encarregavam-se de falar de tudo o resto. E claro que sempre de despediram com grunhidos.. querias o quê? beijinhos?
Amen for that. Até lá fiz também um bocado de psicoterapia, naqueles sofás ranhosos junto à pista de dança; a música não era tão alta que não desse para conversar. Those were the days...
Devemos-nos ter cruzado por lá muita vez. Eu recebi no ETC a notícia da primeira Guerra do golfo, quando os aliados entraram, 90 ou 91, e vi a coisa mal parada, guerra mundial e tal, e apanhei uma depressão nocturna. O cutty sark também ajudou, claro. Eu tinha a mania do cutty sark, mas nunca o distingui de outro uisque qualquer. Pronto.
Bem, comecei mais cedo e nessa altura já só lá ia em visita de médico. As épocas de 85-89 foram as maiores. Foi a nossa Lista E( o Dellile, o Coutinho Ribeiro,a Manu, etc) que fez o primeiro convívio no ETC.
Ah, isso já não sei, tu és mais veterano. Eu comecei em 89 quando acabei o curso. Há-de ficar-me sempre na memória o "It's a long way" do Caetano com que acabavam as noites. E "casei-me" lá. O Costa e o Alain, o porteiro gentil, foram praticamente nossos padrinhos honorários ;)
Parece que agora reabriu o States. Esse acabava com o Zappa.
Não, filho. O encerramento do ETC , o verdadeiro, foi durante muitos anos com a Grace Jones e a sua versão de La vie en rose. Estás quase a comover-me.
O la vie em rose... acho que também apanhei essa fase, sim senhor, agora que falas nisso. Mas recordo-me mais da do Caetano. Acredita que pelo menos durante anos teve essa também. Há coisas que fazem recordar mais umas que outras, sei lá.
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