Se a culpa fosse um animal seria uma hiena. Fisi ou m'Pisi tanto faz: chega de noite e come qualquer coisa. É longeva, a besta. Julgo mesmo que sobrevive às recordações dos episódios, pelo menos de forma mais intacta. Como todos os scavengers, a culpa é um agente ecológico. Não fosse ela e seríamos tentados a pensar que tudo aconteceu devido a uma sucessão de imponderáveis; não fosse ela e as sobras das nossas acções apodreceriam ao sol. Assim apodrecemos nós.
Não. A culpa não seria uma hiena. Seria uma Bicha Solitária emagrecendo-nos o orgulho e a noção de que foi uma liana de factores enroscados em hera, para nos lembrar que em tudo somos nós, omissos ou inábeis a tingir de erro tudo quanto mexe.
É mesmo. Sobrevive à própria recordação dos episódios. Está para ali, cá dentro, pujante e enérgica como um perfume que fica, definitivo e inesquecível, já o perfumado está a milhas de nós! A culpa é um aço inox. Incorruptível às nossas próprias tentativas de negociação interior...
Eu sinto imensa culpa por tantas vezes me sentir tão culpada, raio de ciclo vicioso:)
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