Mar Salgado

sábado, novembro 26:

NOVAS DA CIDADELA: Está muito calor aqui e muito frio lá fora: fui buscar um mendigo assei-o e comi-lhe a orelha à la Ájax. Os gajos dos puros deviam inventar um esquema que permitisse fumar um depois de se untar as mãos com creme hidratante. A muralha e a guarnição estão sossegadas o candidato falou pouco e não leu poemas. Um landin que lê os seus poemas em público devia ser obrigado a engolir três partes de azeite e uma de água como uma vez fiz ao meu cão depois de comer um rato podre. Amanhã há mais folhas o sol jamais se move como ensinava a Fiama.
 

posted by FNV on 9:58 da tarde # (0) comments

FIGUE MADURE, TOU XIM? Aqui shou êu, o MrX, da CHIA.. Lebo àqui no aviôn o shôr Binaladén e queria fajer escala aí em Lisbòa. Xegamos às 12.00: PM, e ós despois bamos cumere um amburgere no bar do haeroporte. Temus 4 guardas no aviôn cum culetes de teflon e uzis dos judeus, mas um deles está a durmir. O shòr Binláden vai à casa de banho daqui a 10 minutes sozinho purque tem mêde que se beja que tem o binocas pequenito, e quere otografar aqueles lençes que os estudantes purtugueses tanto gostam. Nós num queremos cauzare imbaraços a vocêzes, semos pla transparenzia demucrátika.
 

posted by FNV on 9:42 da tarde # (0) comments

PRESIDENCIAIS: Face ao que Mário Soares anda a dizer, porque não resolver o assunto com um joguinho de Trivial? Pergunta, resposta, quem sabe, sabe; quem não sabe fica triste... uma coisinha desse género. Quem tivesse mais pontos ganhava.
O ridículo é evidente. Sem cuidar de saber se o adversário (o segundo, porque o primeiro é Alegre) conhece os cantos dos Lusíadas, Soares tem colocado a questão presidencial no facto das pessoas saberem ou não de cultura, ou de isto ou de aquilo, o que é completamente redutor e obriga a que a Constituição seja revista: para se ser Presidente da República não é só necessário ter 35 anos: é absolutamente preciso conhecer os Lusíadas, saber o abecedário, eu sei lá o que mais?... Os títulos dos filmes da actriz X, o nome dos seus últimos maridos, o dos participantes da companhia nº não sei quantos, a que horas dá o Seinfeld (quem souber diga-me, porque eu perdi-me...) e quais são os jogadores da selecção nacional (não vale guarda???-redes).
Tudo isto é de uma imbecilidade total e a procissão ainda vai no adro.
 

posted by VLX on 2:32 da manhã # (2) comments

A VIRGEM PUDICA: José Sócrates está todo incomodado e revoltado pelo facto dos chamados "profissionais da justiça" se sentirem das vilezas de que foram ignobilmente acusados pelo governo e de lhe responderem à letra. Acha que não deve haver litígios entre os diversos poderes. Tivesse-se lembrado disso antes de acicatar e mandar o seu cão-de-fila morder com raiva as pessoas que lhe tratavam com cuidado e dedicação das questões da Justiça e já não teria esses problemas. Agora embrulhe.
 

posted by VLX on 2:06 da manhã # (2) comments

SÍNTESE DAS LIBERDADES: Meu querido Filipe, não precisavas de "treplicar" porque eu nem tinha visto os vossos textos antes de colocar o meu (como estás fartinho de saber que acontece invariavelmente) pelo que eu não me estava a meter na vossa conversa.
Seja como for, se se trata de uma questão de abecedário, tens toda a razão; se se trata de uma questão numérica (25), estamos empatados.

Mas parece-me que a coisa é ligeiramente mais complicada do que isso: não pode ser reposta uma liberdade que não existia e da última vez que o país tinha conhecido verdadeira liberdade - ou algo que minimamente se assemelhasse - ainda éramos uma monarquia e o partido republicano concorria livremente às eleições.

Nem a I nem a II república foram adeptas da liberdade e, em boa verdade, o período compreendido entre o vinte e cinco do quatro e a data que hoje se comemora também não teve nada de liberdade.

O vinte e cinco do quatro acabou com a guerra, acabou com as colónias, acabou com o regime anterior mas não nos veio dar de imediato qualquer liberdade porque quaisquer uns poderiam ir cair tombados ao Campo Pequeno, não pelos chifres dos touros de que nós dois tanto gostamos mas pelos cornos de verdadeiros imbecis que, incapazes de produzir uma frase em condições, achavam que resolviam as questões com discursos carregados de "pás", pelotões de fuzilamento ou, na situação que se pretendia, uma bomba naquele belíssimo recinto.

O país viveu um período de libertinagem (não confundir com liberdade) que certamente terá sido muito agradável para jovens entre os 16 e os 25 anos (eu deveria ter achado o máximo!...) e para a esquerda mais trauliteira que havia, mas não podemos confundir isso com liberdade (ou democracia) e ainda estamos a pagar muitas das facturas do disparate.

Em 1969 não havia liberdade, como todos sabemos, mas em 1975 não havia muito mais. Imagino que, por diversas razões, não te tenham entrado pela casa a perguntar "quantas famílias poderiam aí viver" mas olha que na zona da Sé Velha, em Coimbra, a coisa era mais complicada e assustadora. Foi já no fim da faculdade que consegui rir com pessoas da zona sobre esses tempos (no velhinho café Oásis), sobre a forma como nos tratavam bem e, dias depois, nos passaram a odiar e a tratar mal sem qualquer razão, ou sobre quando antes eu passeava ali, em criança, na maior das facilidades, a qualquer hora do dia e da noite, e de repente tudo era um susto. Hoje é também engraçado beber uns copos no Quebra-Costas com a malta dessa zona e relembrar esses dias, em sã confraternização. Mas na altura aquilo metia medo, acredita.

Claro que as eleições são sempre importantes; no antigo regime já se sabia isso (e por isso se promoviam aquelas ficções). Acontece que as eleições de 1975 não foram feitas em plena liberdade (provavelmente, concedo, não poderiam sequer ser feitas dessa forma), como o demonstra o execrável prefácio da nossa Constituição.
De forma que não posso aceitar que esta data que hoje (ontem) se comemorava tenha reposto a liberdade porque a população portuguesa já nem se lembrava de ter assistido a algum momento de verdadeira liberdade.
Esta foi a data que em que nos permitiram a liberdade, coisa que é muito diferente.
 

posted by VLX on 1:41 da manhã # (2) comments

sexta-feira, novembro 25:

SINTETIZANDO: Esta coisa da efeméride é uma maçada simpática. Treplicando, vejo-a assim: o 25 de Novembro repôs a liberdade. Ora, repondo, não poderia ter acontecido antes do 25/04, a menos que se considere que por exemplo, em 1969, havia liberdade. E ao contrário do que escreve o meu caro VLX, antes do golpe de Novembro havia liberdade: estou certo que alguém que ele conheceu votou, em liberdade, nas eleições para a Constituinte ( tendo a dar uma certa importância a esta coisa das eleições, é uma mania...) . Por isso devo eleger, digamos que ao abrigo de uma rawlsiana prioridade lexical, o 25de Abril como o Dia da Liberdade e o 25 de Novembro como o da Dia da Normalidade. Para mais, o A vem antes do N, não é?
 

posted by FNV on 8:54 da tarde # (1) comments

TARDE PIÁSTE: O Presidente da República veio agora dizer que afinal acha que os profissionais ligados à justiça foram vilipendiados pelo actual executivo.
Não consigo perceber porque razão um Presidente que se diz e quer independente esteve calado na altura em que deveria ter falado. Se calhar não estava cá, devia estar no Quénia.
 

posted by VLX on 6:59 da tarde # (3) comments

25: O de Novembro é que devia ser feriado no lugar do feriado.
Passados 30 anos podemos finalmente assistir a uma certa libertação da comunicação social, que passou grande parte deste ano a reviver com algum distanciamento os acontecimentos da época.
Aqueles que não os viveram, assistiram ou não os conheceram puderam apreender um pouco da enorme quantidade de disparates cometidos naquele ano e meio e consciencializar-se de que duas coisas não tinham acontecido ainda: verdadeira liberdade (muito diferente de libertinagem) e verdadeira democracia.

Uma vez que o assunto tem tido grande actualidade e tem sido muito discutido por certas candidaturas presidenciais, é caso para dizer que hoje se comemoram 30 anos sobre a data em que todos passámos a poder dormir sossegados.
 

posted by VLX on 6:52 da tarde # (0) comments

DIA DA LIBERDADE II: O meu post anterior com o mesmo título não invalida a comemoração do 25/04/74 como dia da liberdade, que nos livrou de uma ditadura e que abriu caminho à democracia. É feriado nacional e os seus heróis são devidamente conhecidos, reconhecidos e celebrados. Nada apontei a esse respeito e também nutro gratidão por aqueles que o tornaram possível. Por isso, parece-me que o meu amigo FNV leu para além do texto...
Coisa diferente - e é este o aspecto que gostava de sublinhar e que por imperícia não terá ficado claro no meu post - é o pudor politicamente correcto vigente que faz com que ainda se olhe para o 25 de Novembro com algum desconforto, aceitando a propalada cartilha do golpe reaccionário de menor dimensão. No entanto, parece-me que foi o 25 de Novembro que permitiu que o 25 de Abril seja o que é hoje, ou seja, uma celebração da democracia. Sem o 25 de Novembro, outro galo (vermelhusco) cantaria.
 

posted by Neptuno on 5:20 da tarde # (1) comments

DISCORDO LIGEIRAMENTE: Do meu velho amigo Neptuno. Não confundo prioridades: o meu Dia da Liberdade é o do golpe de 25/04/74. O 25 de Novembro é, para mim, o Dia da Normalidade. Não menos necessária, mas só possível...em liberdade. A razão pela qual só se festeja um deles, julgo ser clara: apesar dos excessos, felizmente provisórios, só vivemos as maravilhas do remix revolução cultural / ditadura do proletariado através dos ossos e do sangue dos outros. Caso contrário, outro galo cantaria.
 

posted by FNV on 11:40 da manhã # (0) comments

DIA DA LIBERDADE: A minha homenagem a todos os que, há vinte anos, deram o corpo ao manifesto para nos livrar de uma ditadura da extrema esquerda. Pena é que o actual pudor sustentado pela ditadura vigente do politicamente correcto impeça a justa homenagem nacional que a maioria silenciosa (novamente...) gostaria de lhes tributar.
 

posted by Neptuno on 11:21 da manhã # (1) comments

UM ABRAÇO DE PARABÉNS (atrasados...) ao Causa Nossa, que completou 2 anos de vida e de intensa actividade, consolidando-se como um dos blogues políticos mais lidos e mais combativos. De toda a nau, uma salva tonitruante!

 

posted by PC on 3:39 da manhã # (0) comments

EXCEDENTÁRIOS: conjunto de propostas interessantes, pelo especialista mais qualificado, para reforma do sistema, que bem está a precisar. A redução do número de back-benchers só peca por tardia: quando o PSD a defendeu em 1997 (e até era mesmo para 180), a resposta, por um ex- (então futuro) Comissário Europeu, actualmente dedicado à advocacia, foi: "nunca perceberei como com menos Deputados se aproximam os eleitores dos eleitos". Pelos vistos é possível.
 

posted by Velho do Restelo on 2:24 da manhã # (0) comments

quinta-feira, novembro 24:

A ONDA DE LESÕES: No Benfica, só pode ter uma explicação: andam a injectar o produto errado.
 

posted by FNV on 7:45 da tarde # (1) comments

...PARA BOI DORMIR: A quantidade de gente que não dorme se Cavaco ganhar as eleições presidenciais (uma minoria, segundo as sondagens) é impressionante. Ainda bem que conseguem dormir quando temos partidos de extrema esquerda representados no Parlamento e cujos elementos pactuaram durante anos com os crimes dos regimes que defendiam. Foi recentemente publicada uma biografia de Mao e parece que está para sair uma de Estaline, elencando os crimes perpetrados pelos seus idolatrados regimes. Para toda a gente dormir descansada.
Também não deixa de ser interessante verificar (li no Público de hoje) que houve mais requiições civis em seis meses deste governo do que em dez anos do "intolerante", "arrogante", "crispado" e "ditatorial" Cavaco.
 

posted by Neptuno on 6:59 da tarde # (1) comments

FICA-LHES BEM MAL, SIM SENHOR: O FCP volta a figurar como "denunciante" ( depois do caso Petit) no processo que a Liga instaurou a Nuno Gomes. Nada a dizer, é uma questão de vocação. Já o ataque que o FCP fez ao Sp.Braga me parece mais problemático. Diz o FCP que o Braga se mostrou passivo nesta história. Isto cheira-me a discriminação contra os passivos. Qual é o problema? Temos todos de ser activos? A ILGA, o Herman e o BE nada têm a dizer? Só as miúdas-amantes de Gaia é que contam?
 

posted by FNV on 12:14 da tarde # (0) comments

MARCIANOS & MANHOSOS: Manuel Alegre tem razão, mas podia ir mais longe: dizer-se que uma possível vitória de Cavaco põe em causa a democracia, é passar um infame atestado de estupidez aos portugueses. E se é muito difícil explicar isto a um miúdo, eu, que tinha vinte anos quando disseram o mesmo da campanha de Freitas, sinto-me agora, em 2005, particulamente triste: tomam-me mesmo por parvo. Devo sê-lo, é a única explicação plausível.
 

posted by FNV on 11:53 da manhã # (2) comments

PARABÉNS A VOCÊ: A Brigada Victor Jara festeja hoje à noite o 30º aniversário. Em Coimbra, no TAGV.
 

posted by FNV on 11:46 da manhã # (0) comments

LOBBY 3: As coisas são como são mas se não valer a pena lutar contra elas, ao menos devemos denunciá-las.
Isto vale para os que pretendem levar ao colo Mário Soares, tarefa pesada e difícil embora certa comunicação social não desista. Desta feita foi o entrevistador do Fórum TSF, que resolveu perguntar a Severiano Teixeira a razão pela qual Mário Soares não conseguia "descolar" de Manuel Alegre.
A pergunta está propositadamente mal feita: não é Soares que "não descola" de Alegre, quando muito, é Alegre que "não descola" de Soares.

Isto porque a expressão se utiliza em relação àqueles que vão à frente e, neste caso, só faz sentido utilizá-la em relação a Manuel Alegre, que invariavelmente tem aparecido ligeiramente à frente de Soares nas diversas sondagens e barómetros. A pergunta, tal como foi formulada, pretendeu aparentar o contrário e isso não foi seguramente inocente.
Enquanto a comunicação social não tiver vergonha de fazer deste tipo de pequenos malabarismos não conseguiremos confiar inteiramente nela. Mas só ela é que perde.
 

posted by VLX on 11:06 da manhã # (1) comments

quarta-feira, novembro 23:

LOBBY 2: Há coisas surpreendentes. As televisões têm passado a notícia de que um jogador de futebol tinha feito uns gestos pouco próprios. O assunto foi até tema de enorme debate televisivo logo no dia e nos dias seguintes ao jogo em questão.
Curiosamente, as televisões não mostram as imagens do gesto e substituem-nas por outras do mesmo jogador a marcar golos. E, mais singular, é alertarem profusamente os telespectadores para o facto da queixa contra o jogador ter sido apresentada por um outro clube.

Vamos por partes: confesso que me impressiona pouco o gesto do jogador, até o poderia compreender e julgo-o quase natural no calor de mais um jogo em que, contra todos os auxílios, não conseguia ganhar. Repare-se que sem esta benevolência, haveria muitos outros gestos e palavras que obrigariam à crítica e sanção em todos os jogos. Atente-se, por exemplo, no que profere um certo e conhecido guarda-redes de cada vez que sofre golo (e não são poucas as vezes...): nós não ouvimos o que ele diz mas através da agitação da boca por baixo do nariz percebem-se perfeitamente os palavrões que está a constantemente a gritar (menos um, que ou não conheço ou ainda não compreendi bem).
Mas se é tão grave a atitude do jogador do gesto (e admito que não seja bonita), não percebo porque não actuaram logo as autoridades competentes no futebol e foi preciso um clube apresentar queixa. A notícia importante, a meu ver, deveria ser precisamente que a Liga não actuou de imediato, como devia, e teve de ser espicaçada. Porquê? Porque não actuou logo, seria realmente a pergunta a fazer se a comunicação social não fosse tão benevolente em determinados casos.

Outra dúvida que me assalta é saber porque razão as televisões não mostram as imagens e as substituíram por outras, do jogador a marcar golos. Porque estranha razão o fazem? Seguramente que não é para não escandalizar nem para não ofender os telespectadores, mesmo os mais impressionáveis ou o público infantil, pois invariavelmente os telejornais nos atiram com palavrões e imagens muito piores. Aliás, imaginar-se esses pruridos num país onde no canal imediatamente a seguir a um outro, infantil, se pespega com programas eróticos ou pornográficos não tem qualquer cabimento.
As imagens escolhidas para ilustrar a notícia devem dever-se, então, ao sistema que nos rege. Só pode.
 

posted by VLX on 5:37 da tarde # (7) comments

LOBBY: os grandes activistas estão furiosos por a Igreja Católica entender que não devem ser admitidos padres que tenham tendências ou sejam homossexuais. Havia até gente que, hoje, na tsf, dizia que isso era uma "imoralidade" (pasme-se, é não ter noção de nada!...), como se a Igreja Católica os tivesse de aceitar ou isso fosse um bem. Imagino que nas cabecinhas mais desgovernadas se comece a cogitar o apelo para que a Igreja Católica comece a aceitar quotas, quotas de homossexuais, quotas de inimigos da Igreja, quotas de crentes de outras religiões e um lugarzinho nos arquivos do Vaticano para o Dr. Fernando Rosas.
A coisa é um disparate pegado, não só porque não existe um direito a "ser-se padre", mas também porque este esclarecimento da Igreja Católica é perfeitamente natural, face às posições por si sempre defendidas relativamente à sexualidade.
À Igreja Católica compete dizer às pessoas como as coisas são, ou, para quem não pretenda acreditar nisto, como as coisas devem ou deveriam ser, na sua perspectiva da moral, e não ir atrás do que algumas pessoas pretendem que seja, aceitar essas pretensões ou alterar as suas ideias e princípios por isso.
Se assim não fosse, qualquer dia exigir-se-lhe-ia que considerasse perfeitamente natural catar macaquinhos do nariz.
 

posted by VLX on 5:25 da tarde # (4) comments

terça-feira, novembro 22:

A IDADE AMOLECE: George Bush comuta duas penas de morte.

 

posted by PC on 10:12 da tarde # (1) comments

MAIS LUSO-COCA: É a maior apreensão de cocaína ( estamos para ver que cocaína, ou seja qual o estado de transformação) este ano no espaço europeu, dizem as rádios: sete ( ou quase) toneladas num armazém de Lisboa. Na sequência do que tenho escrito aqui sobre o assunto, uma coisa me interessa mais do que as outras: esta cocaína veio através da "rede da África Ocidental" ou não? Se sim, Cabo Verde, Senegal ou Marrocos?

Adenda: O blogger colapsou e não me deixou completar o post. Reparem como é curioso: na semana passada andou meio mundo excitado com a possibilidade de um ataque da Al-Qaeda em Portugal, mas aparentemente ninguém se importa muito com o facto de sermos hoje, como já aqui tenho dito vezes sem conta, uma das três principais portas de entrada de cocaína na UE.
 

posted by FNV on 6:39 da tarde # (2) comments

"E EU DESMINTO O LÍDER!" Ora toma: Manuel Alegre está bem confortável com o desmentido de Sócrates. Tenho a impressão que nunca se saberá quem tem razão. E depois queriam apurar "a verdade sobre Camarate". Deixa-me rir...
 

posted by FNV on 6:35 da tarde # (4) comments

CONTABILIDADE II: O Dr.Louçã pediu as actas das reuniões da câmara municipal de Penamacor. Presumo que queira saber se Walter Lemos viu ou não o seu mandato de vereador suspenso por excesso de faltas injustificadas. Ficam muito bem ao Dr.Louçã estes passatempos: espero é que para a próxima investigue primeiro e acuse depois.

Nota: não conheço o Dr.Walter Lemos de lado nenhum e se ele mentiu o problema é dele. O meu post anterior ( ver aí em baixo), tal como este, é sobre o hábito do BE de acusar primeiro e (tentar) justificar a acusação depois.
 

posted by FNV on 5:17 da tarde # (3) comments

A MINHA ESTATÍSTICA É MAIOR QUE A TUA: O nosso Por Mão Própria cita, uns posts abaixo, um estudo onde se afirma que estudos recentes teriam mostrado o efeito dissuasor da pena de morte (nos EUA), o que provocaria, em certa perspectiva - da qual, aliás, discorda - uma inversão do problema moral e jurídico subjacente.
Em comentário ao post, escrevi que estes "eficientismos" pretendem basear-se em "factos" que nunca ficam suficientemente demonstrados. E antes de demonstrar com segurança a realidade desses "factos", o problema moral e jurídico não chega, obviamente, a pôr-se, porque o pressuposto desta concepção (ao contrário de outras, que discutem o assunto directamente no plano moral ou jurídico) é a "utilidade" da pena de morte.
Aqui vai, para quem possa interessar, uma série de outros estudos que também deram, com certeza, "muito trabalho" (acrescentei o negrito):

"Much of the current recent research suggests that the death penalty does not have a significant deterrent effect
. One study by Sorenson and Wrinkle (1999) in Texas speculated that, if a deterrent effect did exist, it would be found in Texas because of the extreme numbers of death sentences and executions within the state. They not only found that there was no deterrent effect but that number of executions was unrelated to murder rates and felony rates as well. Another study by William Bailey (1998) in Oklahoma also found no deterrent effect; however, he did find that there was a significant increase in stranger killings and non-felony killings after Oklahoma resumed executions.

Moreover, Bailey conducted studies of several states, including Ohio, Oregon, North Carolina, and California and found no deterrent effect (Bailey, 1978, 1979, 1979, 1979). A study by Decker and Kohfeld (1990) used a 50-year time series from 1930?1980 to assess the effect of executions on murder rates in North Carolina, California, Texas, New York, and Georgia. Essentially, they found no deterrent effect in their analysis.

Most recently, according to a survey by the New York Times, states without the death penalty have lower homicides rates than states with the death penalty. Comparisons show that the average murder rate per 10,000 population in 1999 was 5.5 among death penalty states versus 3.6 among non-death penalty states (DPIC, 2001).

In California, instead of finding support evidence of a deterrent effect, Robert Harris found support for the brutalization effect (Harris, 1999). The brutalization effect suggests that executions increase crime rather than act as a deterrent. Harris found slight increases in homicides during the eight months following the execution. Another study, entitled The Capital Punishment Quagmire in America, examined differences in homicides and violent crime in 293 pairs of counties. They found no deterrent effect and higher violent crime rates in death penalty counties (Harries & Cheatwood, 1997).

A study by Radelet and Akers (1996) surveyed America?s criminologists and discovered that most (87.5%) believe that the death penalty does, and can do, very little to reduce rates of criminal violence. In addition, they cited a survey by Peter D. Hart Associates, which found little support (26%) for the deterrence argument out of a random sample of police chiefs and county sheriffs throughout the Unites States.

An earlier study by Issac Ehrlich (1975) has played an important role in the public debate on the death penalty. Before this, most of the work on death penalty and deterrence was conducted by Thomas Sellin. In one particular study, Sellin examined groups of contiguous states, each group containing one state with capital punsishment (?retentionist?) and one state without (?abolitionist?). His conclusion was that executions have no discernible effect on homicide death rates (McGahey, 1996). However, using an econometric technique to examine murder and execution rates in the U.S. from 1933-1969, Ehrlich found that capital punishment did in fact have a deterrent effect. He concluded that for each execution there was a deterrence of 7 to 8 murders (McGahey, 1996). This study received immediately criticisms from other criminologists. Passell and Taylor replicated the study and found when the period from 1963-1969 was excluded, the deterrent effect was statistically insignificant (McGahey, 1996). Bowers and Pierce found similar results and also questioned Erhlich?s use of FBI rather than Vital Statistics data (McGahey, 1996). In 1985, Layson repeated Erhlich?s study, making several improvements, including the use of Vital Statistics data, and confirmed findings of a deterrent effect (Layson, 1985). Finally, work by Brian Forst (1983) suggests that on balance the death penalty does not have a perceptible influence on the homicide rate".

Act.: a "recent evidence" a que se refere o dito estudo pode encontrar-se aqui (Hashem Dezhbakhsh / Joanna Shepherd, "The deterrence effect of capital punishment: evidence from a 'judicial experiment' ", 2003, pdf). A crítica ao método utilizado e à interpretação desses dados pode encontrar-se aqui (Richard Berk, "New claims about executions and general deterrence: Déjà vu all over again?", 2005, pdf).

 

posted by PC on 9:38 da manhã # (0) comments

segunda-feira, novembro 21:

LEVADO AO COLO: Não, não é o M.Alegre. É o Benfica, a quem a UEFA permite que defronte amanhã o Lille, em Paris ( em vez de ser em Lille), diante de 40.000 emigrantes portugueses. Bem mais do que os benfiquistas que estiveram em Abril passado, no Estádio do Algarve. Escandalosa, a influência de Veiga na UEFA.
 

posted by FNV on 10:59 da tarde # (5) comments

MORALLY REQUIRED? Abstract de artigo sobre o tema do post anterior, escrito por um dos constitucionalistas americanos de maior sucesso ("Is Capital Punishment Morally Required? The Relevance of Life-Life Tradeoffs):

«Recent evidence suggests that capital punishment may have a significant deterrent effect, preventing as many eighteen or more murders for each execution. This evidence greatly unsettles moral objections to the death penalty, because it suggests that a refusal to impose that penalty condemns numerous innocent people to death. Capital punishment thus presents a life-life tradeoff, and a serious commitment to the sanctity of human life may well compel, rather than forbid, that form of punishment. Moral objections to the death penalty frequently depend on a distinction between acts and omissions, but that distinction is misleading in this context, because government is a special kind of moral agent. The familiar problems with capital punishment - potential error, irreversibility, arbitrariness, and racial skew - do not argue in favor of abolition, because the world of homicide suffers from those same problems in even more acute form. The widespread failure to appreciate the life-life tradeoffs involved in capital punishment may depend on cognitive processes that fail to treat "statistical lives" with the seriousness that they deserve». (itálicos aditados)


A dimensão moral que pudesse sustentar, ou mesmo impor, uma tal "troca de vida pela vida", não estatística, mas real, parece claramente insuficiente, sobretudo para quem, como é o caso, tem firmes convicções contrárias à pena de morte.
Mas não pode ignorar-se, ou simplesmente desqualificar, o argumento. É, antes, preciso responder-lhe.
 

posted by Velho do Restelo on 5:44 da tarde # (2) comments

NOTÍCIA INTERESSANTE, para pôr os defensores da pena de morte a pensar.
 

posted by Velho do Restelo on 3:25 da tarde # (5) comments

BLOCO CENTRAL: A provável vitória de Cavaco nas presidenciais vai proporcionar o tal pacto de regime necessário para as reformas que o país precisa, permitindo que Sócrates governe feio e bem, sem com isso empurrar votos para o adversário. Sabendo-se que a política nacional-partidária se esgota na simples luta pelo poder, sem mais, depois de ter ganho as eleições com maioria absoluta os seus camaradas não lhe perdoariam se entrasse em quaisquer tipos de acordos com o inimigo. Com a vitória de Cavaco, Sócrates poderá usar a sintonia com o PR para amarrar o PSD a decisões impopulares - independentemente do que o seu lider ou outros possam dizer, como se viu na questão do orçamento. Com a vitória de Mário Soares ou de Manuel Alegre, Sócrates ficaria refém de qualquer um deles e seria a sua maior vítima. Em quem votará o engenheiro?
 

posted by Neptuno on 3:15 da tarde # (2) comments

CONTABILIDADE: Mais uma vez o Dr.Louçã caluniou ( desta vez a prebenda calhou a Walter Lemos). Já veio comunicar que se limitou a repetir o que ouviu numa manifestação dos sindicatos dos professores. É esta a forma "elevada", "diferente", de fazer política, do Dr.Louçã e do Bloco de Esquerda.
 

posted by FNV on 1:31 da tarde # (1) comments

A RAÇA DE FERRO*: No Fórum da TSF uma senhora conta a certa altura que lhe morreu uma filha, julgo que num desastre de automóvel. Diz ela que se "refugiou na ginástica", que "graças a Deus já frequentava". Tem razão, a senhora.
O corpo está lá para ser sofrido e numa tragédia destas é o único território que pode pagar as favas. Sabemo-lo bem: de início mal dormimos, a cabeça parece uma esponja, o fígado atura os dislates, uma inquietação anarca marca-nos o passo. Os terapeutas esquecem-se porém, deste aliado distraído. Em tempos que já lá vão, numa situação semelhante, foi o corpo que o salvou. Consumido pelos duros cuidados que lhe ofereceram os Deuses, obrigou-se a sentir cada músculo, forçou os pulmões até os sentir na boca, estabeleceu planos rigorosamente cumpridos. Era a única coisa que podia controlar, naquele mundo deserto e estupefacto. Os tendões e os ligamentos recordaram-lhe que alguma coisa vivia, crescia e sofria, apenas porque ele queria. Também a senhora da rádio deve ter sentido a trégua: algum bem será misturado aos seus males.


*escrito com a ajuda de Hesíodo, obviamente.
 

posted by FNV on 11:29 da manhã # (0) comments

domingo, novembro 20:

ORIENTAÇÃO SEXUAL E CRIME: O Blasfémias publicou, pela pena de João Miranda, Carlos Abreu Amorim e Carlos Loureiro, três posts interessantes sobre a política estadual em relação à orientação sexual.
Em primeiro lugar - e esta nota vale, conjuntamente, para os textos de JM e CL -, é para mim algo surpreendente que, perante uma proibição estadual controversa, seja ela qual for, uma análise liberal do problema se dedique imediatamente à crítica da crítica (do TC) à proibição, em vez de começar por examinar a validade substancial da própria proibição, honrando a premissa segundo a qual toda a restrição estadual-legal da liberdade individual tem de ser justificada.
Por outro lado, acho que nada há a objectar à opinião de CAA, que põe as coisas no plano do gosto pessoal, quando afirma que lhe "repugnam os homossexuais fanfarrões" (suponho que esta frase condense, razoavelmente, o teor geral do texto; há um pequeno ponto sobre diferença e reivindicação de igualdade de direitos que poderia ser discutido, mas ficará para outra vez). Se alguém disser que acha repugnantes os heterossexuais fanfarrões, as manifestações de desagravo a este ou àquele político, a massa associativa de certo clube, etc., não vem mal algum ao mundo e a coisa fica mesmo pelo gosto pessoal.
Carlos Loureiro chama a atenção para um ponto importante: o art. 175º do CP não se refere "aos homossexuais", mas sim aos "actos homossexuais", que também podem ser praticados por heterossexuais. E daí, faz ainda mais sentido o título do post "O que é um homossexual?", porque quem estuda os problemas do "género" e da sexualidade humana há já muito que abandonou a ideia de que a orientação sexual é um dado, ontologicamente fixado; como se sabe, a sexualidade humana é vista hoje como performativa, como uma realidade que o sujeito vai construindo no tempo.
Mas, precisamente por isso, o argumento de CL prova demais: se o homossexual e o heterossexual não existem enquanto entes, a proibição de discriminação em função da orientação sexual só pode referir-se aos actos que a exprimem, sob pena de ser uma proibição vazia. Daí que tenha forçosamente de concluir-se que não deixa de haver tratamento discriminatório da orientação sexual pelo facto de a lei se referir a actos e não a pessoas ou grupo de pessoas.
Esta conclusão, em si mesma, nada nos diz sobre o carácter permitido ou proibido da discriminação, nem, portanto, sobre uma eventual violação do princípio da igualdade. A resposta a este problema está longe de ser unívoca e, como em tantas outras coisas, não há aqui certo e errado. Porém, parece-me que pode ver-se no art. 175º do CP uma possível violação do art. 13º, nº 2, se tomarmos o princípio da igualdade não apenas como fonte de direitos fundamentais, mas na sua dimensão objectiva, estruturante das políticas estaduais, que não poderão, portanto, estabelecer diferenças arbitrárias com base na orientação sexual, sobretudo quando ela se expressa através dos actos que lhe estão mais obviamente ligados. Tudo o que atira o problema para a questão de saber se existe aí (nos actos homossexuais e nos actos heterossexuais com menores de 14-16 anos), ou não, uma diferença material que justifique uma diferença de tratamento legal, sem violação do princípio da igualdade. E essa discussão não é de índole jurídica, mas sim cultural, psicológica, social - em suma, política.
Enfim, no que diz respeito ao post de João Miranda: nem sempre é possível reduzir, com o poder de síntese a que nos habituou, um problema complexo à sua expressão mais simples sem cair no simplismo. No caso hipotético que põe, João Miranda parece querer que o Tribunal avalie a conformidade constitucional de uma norma, não através dos critérios a que está obrigado, mas em função dos seus previsíveis efeitos (a libertação de um "violador"). Esta perspectiva parece-me errónea, por duas razões. Em primeiro lugar, porque colide, obviamente, com as regras do método de controlo da validade constitucional das normas: o TC não pode pensar as suas decisões a partir dos resultados a que previsivelmente elas levarão. Em segundo lugar, porque encerra um sofisma, desenvolvido aliás por JM nos comentários que foi tecendo ao seu próprio post: a qualificação de alguém como "criminoso" (como "violador", no caso que pôs) ou "vítima" é sempre o resultado do preenchimento de uma norma penal válida, e não um prius relativamente a essa norma. Perante uma norma constitucionalmente inválida, não há "criminoso" nem "vítima", não se podendo por isso afirmar que certa decisão protege os "criminosos" à custa dos direitos das "vítimas".

 

posted by PC on 3:15 da tarde # (9) comments

ÓPTICAS: Depois da vitória no Dragão escrevi aqui um texto arrefecido quanto à real valia desta equipa do SLB. Alguns - como o meu caríssimo Pedro Picoito - descobriram-me na altura insuspeitas qualidades misericordiosas. Agora aguentem.
 

posted by FNV on 12:38 da manhã # (5) comments


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