COLIGAÇÕES, NOVELAS E ESTRATÉGIAS: Certos comentadores e muita comunicação social, sempre com a oposição a reboque, passaram a semana a criticar o resultado daquilo a que chamaram "a novela da coligação".
Convém frisar que a dita novela foi criada pela própria comunicação social: as direcções dos partidos do governo ainda não se tinham pronunciado oficialmente sobre a questão e já a comunicação social nos dizia sobre o assunto uma coisa num dia e outra no outro, ambas absolutas verdades, sem o mínimo pudor ou vergonha. Os exemplos da SIC no sábado passado e do Expresso destas duas últimas semanas são elucidativos: dizia-se uma coisa num momento e, logo a seguir, dava-se notícia completamente oposta sem sequer se fazer um acto de contrição pela anterior. Ninguém veio dizer «enganámo-nos». É triste, mas é a comunicação social que temos. Não precisamos é de acreditar em tudo o que nos querem fazer crer.
A falta de vergonha de certa comunicação social não é muito diferente da de certos partidos. Ainda há oito dias tínhamos visto e ouvido Francisco Louça a berrar, no meio daquela imensidade de banha da cobra habitual, que toda a gente sabia que os partidos do governo iriam concorrer às eleições em coligação, que só podiam ir em coligação, estavam obrigados a ir em coligação. Dias depois, vimos e ouvimos Fernando Rosas a defender, no meio daquela imensidade de banha da cobra habitual, que se estava a ver que os partidos não iriam concorrer coligados, era naturalíssimo que concorressem separados, havia imensas razões para isso, etc., etc.. Na CDU e no PS as coisas não foram muito diferentes. Valha a verdade, os certos comentadores remeteram-se ao silêncio (desconheço se por não saberem o que apontar agora se por se terem começado a consciencializar da triste possibilidade de poderem voltar a ter em S. Bento os clássicos Cravinhos, Coelhos, Gamas, Veras, Ferros ou mesmo Seguros e Pedrosos, para não falar de Sócrates).
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