A SÍNDROME DE HOLLYWOOD: É o título da crónica de hoje (2ª Fª) de João César das Neves, no DN, em que conclui: "Acima de tudo, lembre-se que impor a democracia é sumamente anti-democrático e forçar a tolerância é supinamente intolerável. O fundamentalismo ocidental tem uma consequência paradoxal: a violação dos seus próprios fundamentos." Sem prejuízo das necessárias reformas da democracia (pelo menos da portuguesa) e da sua debilidade quanto a eventuais instrumentalizações ou manipulações - nomeadamente perante o inelutável poder de facto dos media - parece-me, contudo, que a conclusão do referido autor levada ao extremo acaba por sancionar ditadores e/ou regimes cruéis ou mesmo genocídios. Assassínios, torturas, massacres, fomes e miséria total à custa de despotismos e desmandos sanguinários de determinadas nomenclaturas: deveremos aceitar tudo isso em nome de um "bem superior" como a "diferença cultural"? Voltem Idi Amin, Pol Pot, Taylor, Baby Doc, Estaline e mesmo o simpático Salazar (que teorizou bastante sobre a identidade cultural deste país...): estão perdoados!
Devemos todos respeitar o direito dos outros povos de culturalmente se fazerem extinguir a tiro e à fome? Não me parece.
Pelo contrário, esperemos que, tal como refere o autor, "...a cada vez mais evidente incapacidade da cultura ocidental de compreender e respeitar as demais." se converta em mandamento internacional, sempre que populações inteiras sejam vítimas de tiranos ou de regimes sanguinários.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.