COSTAS LARGAS: A questão das pilhérias sobre o caso Casa Pia tem mais a ver com o respeito pelas vítimas do que pelo carácter mais ou menos público dos suspeitos, que são aliás todos inocentes até prova em contrário. Da mesma forma que acho mórbido e infeliz largar piadas sobre, por exemplo, homicídios ou ataques à integridade física com ácido sulfúrico.
Acresce que gozar com quem está em situação difícil, seja uma figura pública ou um cidadão anónimo, é um acto de pouca valentia. Claro que todos nós já pecámos (e pecamos todos os dias) neste particular, mas tal não retira o carácter censurável desses actos, mesmo que sejam quase sempre inócuos.
De qualquer forma, este incidente é pouco importante, mas não deixa de ser um bom ponto de partida para reflexão, tendo em conta o ambiente geral que se vive no país alimentado pelos media. A este propósito, refira-se que o conceito politicamente correcto tem as costas largas (há até quem viva com a fobia de ser insultado de tal). Há coisas que tem menos a ver com "correcção ou incorrecção politica" e mais com sensibilidade e (bom ou mau) gosto.
E mais tempo não gastarei com isto, para não contribuir para a cacofonia reinante. Resta-me o consolo de que fica aqui demonstrado que o Mar Salgado é (e será sempre) uma embarcação pluralista.
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